CR7: o rei das arábias

Foi com os desconhecidos Jorge Gomes, atacante formado no Vasco da Gama do Acre, e César, meia-atacante do Grêmio e do América do Rio de Janeiro, que o Benfica começou, em 1979, uma histórica e forte ligação com jogadores brasileiros.

Nas vésperas da Copa do Mundo de 2022, Cristiano Ronaldo era um poço de incertezas.

Aos 37 anos, estava de saída do futebol inglês, haja vista a revolta que existia nos bastidores do Manchester United, e deixava frequentemente no ar a possibilidade de fazer, na competição no Catar, a sua despedida oficial da seleção portuguesa.

Dois anos e meio depois, o cenário é outro. Já quarentão, o craque sabe muito bem o que pretende fazer nos seus últimos passos antes de pendurar as chuteiras.

Campeão da última edição da Liga das Nações, em junho passado, renovou contrato com o Al Nassr, da Arábia Saudita, por mais duas temporadas (até junho de 2027).

Se não houver grandes imprevistos, vai encerrar o vínculo com o clube saudita poucos meses após completar 42 anos, tendo muito provavelmente disputado a Copa do Mundo de 2026, que vai ser realizada em três países: Estados Unidos, Canadá e México.

A decisão de continuar na Arábia Saudita, onde é a referência máxima da liga nacional, passou primeiramente pelo desejo de atingir, de forma inédita, seis Copas consecutivas (Alemanha 2006, África do Sul 2010, Brasil 2014, Rússia 2018 e Catar 2022).

Ronaldo alimenta, sim, a expectativa de ser campeão mundial pela primeira vez.

LEIA TAMBÉM: O sonho de ser craque no futebol europeu

É o título que falta para coroar uma carreira recheada de recordes individuais e conquistas coletivas, entre elas uma edição da Eurocopa (2016) e cinco da Liga dos Campeões (2007/08, 2013/14, 2015/16, 2016/17 e 2017/18).

Para chegar à Copa de 2026 em grande estilo, CR7 resolveu montar — e moldar — o Al Nassr à sua maneira. Com um toque bem português, aliás.

Foi decisivo na contratação de Jorge Jesus como treinador e até disponibilizou o próprio avião para buscar às pressas, em Londres, o atacante João Félix, ex-Benfica, Atlético de Madrid e Chelsea, com quem vai formar dupla de ataque em solo saudita.

A nova estrutura do clube de Riade, inclusive, também foi toda idealizada pelo eterno artilheiro da camisa 7.

Os dois principais dirigentes do departamento de futebol foram escolhidos pelo jogador: Simão Coutinho (diretor esportivo) e José Semedo (CEO). Ambos amigos portugueses, claro.

Por fim, mas não menos importante, Cristiano Ronaldo ainda tem um último sonho: jogar, nem que seja por alguns minutos, uma partida oficial ao lado do filho mais velho.

Cristiano Ronaldo Júnior, mais conhecido como Cristianinho, de 15 anos, atua nas divisões de base do próprio Al Nassr e, em breve, quem sabe, pode ser promovido ao time profissional.