Halley Batista: o brasileiro que fez de Portugal a sua casa no surf
Do “giro do cometa” à mentoria de jovens talentos, o surfista pernambucano construiu em Portugal uma nova fase de vida e de carreira

Criador do “giro do cometa”, Halley Batista deixou sua assinatura no surf mundial. Crédito: Arquivo Pessoal
Nascido em Olinda, Pernambuco, Halley Batista começou cedo a construir uma trajetória marcada pela ligação intensa com o mar. Ainda criança, viveu a experiência transformadora de acompanhar uma etapa de surf em Maracaípe (PE).
Foi ali, em 1994, que fez uma promessa: viver uma vida dedicada ao surf. Poucos anos depois, aos 11 anos, já era campeão estadual pernambucano, confirmando que aquele desejo de menino tinha se tornado realidade.
Na adolescência, decidiu se lançar sozinho em novas águas. Mudou-se para Florianópolis em busca de ondas maiores e de mais experiência em águas frias.
Mais tarde, viveu no Rio de Janeiro, onde se profissionalizou e acumulou títulos, incluindo o bicampeonato carioca. Competiu em eventos no Japão, Austrália e Havaí, onde ganhou ainda mais bagagem internacional.
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Apesar do talento reconhecido, Halley viveu um momento de transição importante em 2012, quando quase foi campeão brasileiro.
A mudança do circuito mundial, da Associação dos Surfistas Profissionais (ASP) para a World Surf League (WSL), também trouxe dificuldades.
Foi nesse período que Portugal entrou de vez no seu caminho. Em 2015, viajou para visitar o irmão e encontrou no país uma combinação de ondas consistentes, qualidade de vida e oportunidades. O que seria uma temporada temporária virou uma mudança definitiva.
Surfista brasileiro em Portugal
Estabelecido em Portugal há uma década, Halley passou a disputar a Liga MEO Surf, o principal campeonato nacional. A readaptação não foi simples.
“Eu venho competindo contra os atletas de 20 anos, 22 anos, super no gás, super treinados… e eu consegui terminar um ano como terceiro do ranking”, conta, com orgulho, ele que tem hoje 39 anos.
A vitória em território português marcou também sua decisão de permanecer no país. Ele reconhece que as ondas portuguesas têm um valor especial.
“Você pode vir em qualquer altura do ano e a probabilidade de que você vai poder praticar o surf é muito alta”, afirma.

Halley também encontrou em Portugal um espaço para partilhar sua experiência. Ao longo dos anos, ajudou jovens surfistas portugueses, como Francisca “Kika” Veselko, campeã mundial júnior em 2023, e João Maria Mendonça, uma das grandes apostas da nova geração.
“Eu tenho feito esse trabalho também muito de mentoria, mesmo sem ser algo oficial”, explica. A sua contribuição vai além das orientações pessoais: ele é reconhecido como o inventor do “giro do cometa”, uma manobra criada em 2006 que até hoje é referência.
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Se em outros países encontrou desafios, em Portugal descobriu equilíbrio. Halley resume sua decisão de permanecer no país com clareza:
“Aqui eu encontrei todos os elementos que eu preciso para estar feliz. (…) Em Portugal, ele me proporciona essa segurança social, boa alimentação, muitas ondas”.
Essa constância é um dos pontos mais valorizados pelo brasileiro, que já surfou em diversos continentes, mas afirma ter encontrado nas ondas portuguesas algo único. A diversidade de picos atende desde iniciantes até surfistas experientes, tornando o país um destino completo para quem busca evolução no esporte.
Apaixonado pelo esporte, ele hoje também investe em agricultura, vinicultura, turismo rural e negócios ligados à importação de produtos brasileiros.
“Basicamente, essa parte do surf é a minha paixão (…) mas eu diversifico”, diz. O brasileiro também dedica tempo à música e a investimentos.
Fique por dentro
Uma reportagem sobre “A Força do Surf em Portugal” com grandes nomes do surf está publicada na revista EntreRios, edição nº 4 (setembro de 2025), distribuída nas principais bancas em Portugal.
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