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10 propostas sobre imigração em Portugal no novo Programa do Governo

Programa do Governo mistura endurece discurso sobre imigração, segurança e controle, mas com promessas pouco específicas sobre integração, marcos temporais ou garantias de execução

O primeiro-ministro, Luis Montenegro, discursa durante a sessão plenária de apresentação do Programa do XXV Governo Constitucional, na Assembleia da República, em Lisboa. Crédito: José Sena Goulão/Lusa.

O governo do primeiro-ministro Luís Montenegro divulgou, no último sábado (14), o novo Programa de Governo, prometendo uma “mudança drástica” face à política da última década.

O documento assume um discurso combativo em relação à chamada imigração “descontrolada”, atribuindo aos governos anteriores a responsabilidade por “um dos maiores choques demográficos da história do País”, mas deixa pontos-chave em aberto: quando, como e com que recursos serão executadas as promessas?

Entre 2017 e 2024, Portugal passou de 421 mil para quase 1,6 milhão de estrangeiros residentes, o que significa que a população imigrante passou de 4% para 15% do total.

Segundo o Executivo, isso ocorreu sem controle e “sem que o Estado, os serviços públicos e a sociedade se tivessem preparado”, gerando um “choque demográfico” com consequências de longo prazo.

Ainda que reconheça a importância da imigração para a economia, menciona o chamado “choque demográfico” causada por políticas anteriores, culpando-as pela “desumanidade” com que muitos imigrantes foram tratados.

Abaixo, veja 10 das principais medidas anunciadas no Programa, que está em discussão no Parlamento.

1. Resolução das pendências da AIMA e IRN

No Programa, o Executivo afirma ter iniciado “a operação de resolução de pendências relativas à imigração”, que somam 1,1 milhão de processos. Essa tarefa está a cargo de uma Estrutura de Missão temporária, que, recentemente, foi renovada até dezembro e agora vai abarcar novos tipos de processos, como a das renovações das autorizações de residência caducadas.

“A face mais visível foram as pendências que se acumularam na recém-criada Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) e no Instituto de Registos e Notariado (IRN)”, afirma o programa.

2. Criação de unidade policial de estrangeiros

O governo pretende criar uma Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF) na PSP. A medida, segundo o programa, visa preencher o vazio deixado pela extinção do SEF, considerada “catastrófica”.

Mas não se esclarece quando a unidade começa a funcionar nem com que efetivo e orçamento.

3. Revisão da Lei de Estrangeiros e da Lei do Asilo

A revisão da Lei de Estrangeiros está contemplada no documento. Há, por parte governamental, a intenção de rever a legislação, “limitando os fluxos migratórios, nomeadamente do reagrupamento familiar, à capacidade dos serviços públicos e de integração da sociedade portuguesa”.

4. Fim da “manifestação de interesse”

Um dos poucos anúncios já em curso. Ainda em 2024, o governo encerrou essa via de regularização e rejeitou metade dos 446 mil processos pendentes. “Aplicando a lei com consequência”, garante o texto.

Agora, a AIMA iniciou a notificação dos que tiveram os processos rejeitados. A EntreRios teve acesso aos documentos enviados pela agência aos candidatos que tiveram seus processos rejeitados. Clique aqui para saber mais.

5. Reforço dos canais legais com exigência de qualificação

O Programa promete restringir o visto para procura de trabalho a candidatos “altamente qualificados” e introduzir “critérios de progresso na aprendizagem da língua portuguesa”.

Não explica, no entanto, como será feita essa avaliação nem que níveis serão exigidos.

6. Regresso voluntário e deportações aceleradas

O Executivo quer um regime “rápido e eficaz” de afastamento de imigrantes em situação ilegal, com menos prazos de decisão e oportunidades de recurso.

Também promete o “Programa Bom Regresso”, um programa de apoio a todas as pessoas que queiram regressar ao seu país de origem e não consigam fazê-lo pelos seus próprios meios.

O documento, porém, não apresenta salvaguardas legais ou dados sobre capacidade de implementação.

7. Acolhimento humanista e centros de acolhimento

O texto propõe rever e eventualmente reforçar centros de acolhimento com ONGs e municípios. Fala ainda num “Sistema Único de Acolhimento”, enquanto sistema integrado de gestão de crises.

8. Combate à xenofobia e integração por “direitos e deveres”

Defende ações para evitar “núcleos fechados” de imigrantes, com foco em idioma, cultura e valores constitucionais portugueses.

Num dos trechos do programa, é citado que o Executivo pretende “fomentar a aprendizagem da língua portuguesa e o conhecimento da cultura portuguesa por parte dos imigrantes, tendo em vista a sua melhor integração social, profissional e cívica”.

9. Revisão da Lei da Nacionalidade

O Programa quer eliminar a possibilidade de contar permanência indocumentada para o tempo de residência necessário à naturalização. Também propõe aumentar o tempo mínimo exigido, como já foi anunciado antes pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro.

O texto não informa qual será esse novo prazo nem como será aplicada a mudança a quem já está no país.

10. Reforço da AIMA

O Governo diz que vai “continuar a reforçar os recursos humanos e tecnológicos” da AIMA, reorganizar a instituição e transferir funções do IRN.

Não define, porém, quando isso ocorrerá, tampouco qual será o investimento envolvido. A mesma indefinição vale para o prometido “Plano Nacional de Contingência” para crises migratórias.

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