Cultura

Déborah Bloch: “Vilões ativam arquétipos no inconsciente coletivo”

Déborah Bloch, atriz consagrada de cinema, teatro e TV, fala à EntreRios

Déborah Bloch é mãe de dois filhos, ambos do ex-marido, o francês Olivier Anquier, Julia e Hugo. É casada com o português João Nuno Martins, e eles moram no Rio de Janeiro. Crédito: Divulgação

A atriz Déborah Bloch deu uma entrevista exclusiva à EntreRios. Mineira de Belo Horizonte, 62 anos, ela é uma consagrada artista de cinema, teatro e televisão, além de diretora de projetos culturais

Qual é a sensação de encarnar uma das maiores vilãs da história, levando em conta que você é uma atriz que já interpretou múltiplos personagens do bem e do mal? Odete Roitman é um desafio especial?

Odete Roitman tem sido um desafio muito especial por várias razões. Em primeiro lugar, porque foi interpretada na versão original pela extraordinária Beatriz Segall, que colocou a personagem no topo das vilãs do imaginário dos brasileiros, e não dos brasileiros, de forma brilhante.

Depois, porque a expectativa em relação ao remake e à forma como a nova Odete Roitman surgiria era grande. A primeira versão foi um grande acerto e sucesso em todos os níveis, e isso só aumentava a nossa responsabilidade.

Felizmente, está sendo um sucesso enorme desde a estreia, o que me deixa muito feliz.

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Qual é o charme de Odete, já que ela magnetiza tanto os telespectadores que aumenta a audiência quando entra em cena?

Adam Smith dizia no século 18 que o ser humano tem tendência a admirar, quase venerar, os ricos e poderosos e a desdenhar pessoas em condições pobres e cruéis. Infelizmente, esta afirmação é cada vez mais atual.

Hoje assistimos a uma crescente adoração dos bilionários, a quem tudo parece ser permitido, e a um chocante descaso em relação à miséria da maioria da população. Odete Roitman, além de muito rica e poderosa, é uma mulher de origem humilde, que construiu um império a pulso, ainda que por meios obscuros e nada éticos.

Depois, há a questão da sua sexualidade ativa e da preferência por homens mais jovens. Toda essa carga de poder, aliada à liberdade de praticar atos censuráveis e até criminosos à vista de todos, suscita um enorme fascínio no público.

Sabemos que vilões ativam arquétipos presentes no inconsciente coletivo, que se conectam com o indivíduo em níveis muito profundos e simbólicos.

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Você reviu a versão anterior da novela?

Na época em que passou o original, não assisti a muitos capítulos porque fazia teatro naquele horário.

Quando iniciei a preparação para interpretar Odete Roitman, assisti a alguns capítulos, mas percebi que não me ajudava no meu trabalho e acabei não vendo tudo.

Eu precisava criar a minha Odete e não reproduzir o que a Beatriz Segall já tinha feito de forma magnífica.

Como qualificaria o trabalho de Beatriz Segall na primeira versão? O que você diria a ela se estivesse viva?

O trabalho de Beatriz foi primoroso durante toda a sua carreira, e Odete não foi exceção.

Conheci a Beatriz quando era criança porque ela dividiu o palco com meu pai em três peças de teatro. Na minha primeira novela, Sol de verão, de Manoel Carlos, eu fiz a neta dela. Convivemos muito durante vários anos.

Décadas depois, sou escolhida para fazer o papel mais icônico e popular da sua carreira. Eu lhe diria: Beatriz, espero honrar o seu legado, com todo o respeito e admiração.

Chegará o momento em que os países nos quais a novela está passando, Brasil e Portugal, se farão a mesma pergunta: Quem matou Odete Roitman? E você, como a reencarnação da personagem, estará no centro do frenesi. Que tal?

Ser assassinada é o clímax da personagem. Nunca é agradável ser assassinado (risos), mas neste caso é o que vai fazer aumentar a tensão na trama e, se tudo correr bem, mobilizar o público.

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