O sono merece respeito
A pressão por produtividade faz muitas pessoas se sentirem culpadas por simplesmente dormir bem

Ao longo dos anos, as mensagens sobre ter ou não um sono de qualidade são contraditórias, sobretudo para as gerações mais velhas. Crédito: Pixabay Imagens
O preconceito tem raízes culturais e econômicas na ideia de que é mais vantajoso ter trabalhadores dados ao sacrifício do que dedicados à própria saúde.
Prêmios de produtividade, bônus e elogios aos funcionários mais esforçados seguem essa lógica. O problema é que, lá na frente, alguém precisa pagar a conta aberta por esses excessos.
É o que está acontecendo. O absentismo no trabalho causado pelo cansaço ajuda a provar que o repouso é essencial para produzir bem.
Quem tem insónia sabe o quanto é angustiante estar cansado, dormir mal, acordar várias vezes durante a noite e, no dia seguinte, sentir-se sem energia.
A Sociedade Portuguesa de Pneumologia estima que mais da metade da população dorme mal, e 24% dizem acordar cansados. No Brasil, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, 72% sofrem de doenças relacionadas ao sono.
Excesso de trabalho, preocupações com filhos, falta de rede de apoio e uma rotina marcada por prazos e obrigações – além de dificuldades financeiras e de relacionamento podem tirar o sono.
Um problema leva a outro, A insônia adoece, aumenta as chances de desenvolver males como hipertensão e alterações metabólicas (ganho de peso e diabetes), prejudica o sistema imunológico, afeta o humor e eleva os níveis de estresse e ansiedade.
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As gerações mais jovens, conectadas com a saúde, rejeitam o discurso de que descansar é coisa de preguiçoso e valorizam mais o direito a pausas. Alinhada com esse espírito, uma multinacional sueca de móveis criou um slogan brilhante: “Acordem! É preciso dormir.
É inquestionável que sono, alimentação e atividade física são fundamentais para a saúde física, mental e emocional.
Um adulto deve dormir entre sete e oito horas por noite. As mulheres precisam de um pouco mais, devido a variações hormonais que tornam o sono mais leve e fragmentado.
A falta de descanso aumentou o uso de hipnóticos viciantes e o consumo de alimentos, refrigerantes, energéticos, álcool e drogas. Os vícios só agravam o problema, pois apenas o repouso dá ao corpo o tempo necessário para ativar os mecanismos internos de reparação e recuperação.
Dormir não é perder tempo. Quem não conseguir resolver o problema sozinho deve pedir apoio. Há muitos profissionais de saúde que podem ajudar.
O descanso merece respeito- e só ele cura.
Esta coluna é parte da segunda edição da revista EntreRios, distribuída nas principais bancas de Portugal. Você também pode assinar e receber a publicação no conforto da sua casa, além de ler a publicação completa.
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