Carminho lança “Eu Vou Morrer de Amor ou Resistir” e reinventa o fado
A cantora transforma o fado em território de liberdade e reinvenção no álbum "Eu Vou Morrer de Amor ou Resistir"

Com Laurie Anderson, a fadista portuguesa tece pontes sonoras entre Lisboa e o mundo. Crédito: Mariana Maltoni
Em Eu Vou Morrer de Amor ou Resistir, Carminho se lança de corpo inteiro ao abismo do fado contemporâneo e retorna dele com um disco entre a tradição e o risco.
Gravado em Lisboa e lançado pela Sony Music, o álbum chegou às plataformas digitais, revelando uma artista que escreve, produz e reinventa. São onze faixas — oito delas assinadas pela própria cantora — em que a linguagem do fado se estende, respira e se transforma:
“Morre-se muito de amor no fado, mas poder resistir é algo que me interessa e me interessa cantar”, confessa Carminho, num gesto que revela tanto o olhar poético quanto a força de quem não teme o contraditório: morrer e resistir, amar e persistir.

O disco é habitado por vozes femininas — reais e simbólicas — que ecoam umas nas outras. Laurie Anderson sussurra versos em inglês na faixa Saber, criando um dueto etéreo onde o conhecimento se torna afeto. Ana Hatherly, com seus poemas reinventados em música, empresta palavras que ardem como pensamento e ternura:
“Essas mulheres tiveram um papel admirável ao experimentarem novas possibilidades de uso das vozes femininas. Sem elas eu não teria feito este álbum”, diz Carminho, que cita também Annette Peacock e Wendy Carlos como bússolas sonoras.
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Entre o Mellotron e o Vocoder, a fadista multiplica sua própria voz, abrindo espaço para “diferentes espíritos, diferentes mulheres e até diferentes épocas”.

Há, no coração do disco, um diálogo profundo com a poesia — de Pedro Homem de Mello a Amália Rodrigues — e um fio de melancolia que é pura transcendência. Em Canção à Ausente e Sofrendo da Alma, o tempo se dobra em melodia e silêncio.
Mas há também a promessa do encontro: em novembro, Carminho atravessa novamente o Atlântico para cantar no Brasil, país que a acolhe como uma irmã de fado e de alma:
“O público brasileiro é extraordinário… consigo ser eu mesma, cantando repertório de um país que está do outro lado do oceano”, afirma.
E talvez seja isso que seu novo álbum celebra: a travessia — entre continentes, sentimentos e vozes — onde o fado se torna, mais do que nunca, um espelho vivo da resistência e do amor.
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