O presente e o passado que unem — e separam — Scolari e Ancelotti
Ancelotti poderá ser para o Brasil o que Scolari foi para Portugal? O brasileiro mudou a alma do futebol português

Assim como Scolari transformou Portugal, Ancelotti chega ao Brasil com a missão de resgatar autoestima, confiança e títulos rumo à Copa de 2026. Crédito: Reprodução/Instagram.
Carletto, Carlão, Carlinhos. O consagrado técnico italiano Carlo Ancelotti parece estar conquistando o coração dos brasileiros.
Além dos apelidos carinhosos, ganhou até um mosaico com a frase “Parabéns, Carletto” como presente de aniversário da torcida presente na Neo Química Arena, em São Paulo, durante a vitória do Brasil por 1×0 contra o Paraguai, dia 10 de junho. O resultado classificou a Seleção para a Copa do Mundo de 2026.
A seleção portuguesa viveu um caso de amor com um técnico estrangeiro: o brasileiro Luiz Felipe Scolari, o Felipão.
Em 2003, Portugal buscava alguém que repetisse o feito de outro brasileiro, o carioca Otto Glória, que havia colocado o país entre os grandes no longínquo Mundial de 1966.
Scolari, recém-campeão com o Brasil na Copa de 2002, cumpriu a missão: levou Portugal à final da Eurocopa de 2004 e, dois anos depois, à semifinal da Copa do Mundo da Alemanha.
O paralelo entre os dois tem pontos de contato evidentes. Ambos chegaram com status de “salvadores da pátria” e com moral e bagagem suficientes para bancar decisões impopulares e blindar os jogadores da pressão externa.
Scolari assumiu Portugal no início de 2003, após o fiasco no Mundial da Coreia e Japão.
Ancelotti, que venceu a histórica resistência brasileira a treinadores estrangeiros, chega após a frustrante eliminação na Copa do Catar – somada a uma sequência de vexames nas Eliminatórias.
O treinador italiano terá a árdua missão de resgatar a autoestima e o orgulho perdidos desde o trágico 7 x 1 para a Alemanha em 2014. Além de títulos, falta confiança ao escrete canarinho.
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Mas há, também, diferenças fundamentais. Scolari assumiu uma seleção que, à época, ainda buscava respeito no cenário internacional e não tinha grandes títulos no currículo.
O Portugal pós-Scolari – e, em grande parte, graças à genialidade de Cristiano Ronaldo – ostenta hoje uma Eurocopa e dois títulos da Liga das Nações, o mais recente conquistado no domingo, 1° de junho, diante da forte e jovem seleção espanhola.
Ancelotti comanda um país pentacampeão, em que a pressão por resultados é implacável – e a cobrança por um “estilo brasileiro” permanece tema de debates intermináveis. Ao italiano, não bastará vencer – será preciso convencer.
A pergunta que se impõe é: Ancelotti poderá ser para o Brasil o que Scolari foi para Portugal? O brasileiro mudou a alma do futebol português.
Com sabedoria e paciência, soube organizar e motivar um elenco que tinha estrelas como Luís Figo – eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa em 2001 – e um CR7 ainda em início de carreira.
Ancelotti não precisa reinventar o futebol brasileiro, mas pode ajudar a recuperar o que ele tem de melhor: talento e confiança.
Esta coluna é parte da segunda edição da revista EntreRios, distribuída nas principais bancas de Portugal. Você também pode assinar e receber a publicação no conforto da sua casa, além de ler a publicação completa.
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