Tati Pasquali estreia “A Mulher Desarvorada” inspirada em Beauvoir
O monólogo convida o público a refletir sobre o papel da mulher que, ao dedicar-se à família, perde o controle sobre a própria existência

Em cartaz de 16 a 26 de outubro no Teatro Municipal Amélia Rey Colaço, em Algés. Crédito: Divulgação
Em A Mulher Desarvorada, Tati Pasquali dá vida a uma personagem na casa dos 40 anos que vê seu mundo ruir quando o marido anuncia que tem outra mulher. A atriz, que também assina a dramaturgia do espetáculo com encenação de Cláudia Semedo, transforma o palco em um espaço de confissão e reflexão.
Inspirada em A Mulher Desiludida, de Simone de Beauvoir (1908-1986), Tati revisita o tema da mulher que abdica dos próprios sonhos em nome da família e se vê, de repente, sem chão. Uma realidade que, segundo ela, “continua atual nos anos 2025, porque ainda há mulheres que vivem apenas para cuidar dos outros”.
LEIA MAIS: “O Agente Secreto” chega dia 6 de novembro nos cinemas
Para a atriz, o espetáculo não trata apenas do “ninho vazio”, mas do “lar vazio”, abordando a solidão que surge quando filhos e marido deixam de ocupar o centro da vida dessa mulher:
“O texto me arrebatou porque fala desse lugar da mulher que se dedica totalmente e depois precisa lidar com o que sobra para ela”, explica.

O monólogo propõe um debate sobre o peso da presença e da ausência feminina, tanto dentro de casa quanto na sociedade, e questiona quem cuida da mulher que cuida de todos?
LEIA MAIS: Começou o FÓLIO em Óbidos
A experiência pessoal de Tati também se entrelaça com a ficção. Após o espetáculo Viemos roubar os vossos maridos, em que abordou o estigma da mulher brasileira em Portugal e experimentou a linguagem do teatro documentário, a atriz traz novamente à cena fragmentos de sua própria história:
“É muito difícil se expor, revisitar memórias, contar coisas que o público não sabe. Mas o retorno é transformador. Muitas mulheres se reconhecem nas histórias e percebem vivências que antes não nomeavam”, conta.

Em A Mulher Desarvorada, Tati Pasquali rompe a quarta parede para dialogar com o público sobre maternidade, identidade e liberdade:
“A maternidade atravessa tudo. A vida profissional, afetiva, sexual. Não há um aspecto que não seja impactado por ela”, reflete.
Entre textos atemporais de Beauvoir e confissões pessoais, a atriz constrói uma narrativa delicada sobre o que significa ser mulher, mãe e dona da própria voz em um mundo que ainda insiste em limitar suas escolhas: “Viva a arte e viva as mulheres”, conclui.
A Mulher Desarvorada, que tem apoio da Direção Geral das Artes, estreia nesta quinta (16) no Teatro Municipal Amélia Rey Colaço, em Algés. O monólogo fica em cartaz até 26 de outubro e o bilhete custa 12 euros. Há descontos para maiores de 65 anos, menores de 25 e profissionais de espetáculo.
Compartilhe essa notícia
- Últimas Notícias